13 10 2007
Este mês o massacre do Carandiru completa 15 anos. Para comemorar o aniversário, trago um livro surpreende, não obstante já tenha 8 anos desde o seu lançamento. Falo de Estação Carandiru (1999). E por que não outro livro? A razão é simples: o massacre no pavilhão 9, da Casa de Detenção de São Paulo, situada do Bairro do Carandiru, ocorreu em um mês de outubro. Em dados oficiais, cento e onze presos morreram. Não houve nenhuma baixa entre os policiais militares… O médico Drauzio Varella, autor da obra, iniciou trabalho voluntário de prevenção à AIDS desde 1989 na Casa de Detenção. Não durou pouco para ele se envolver com os personagens que “transitaram” pelo maior presídio do País, com cerca de 7.200 “habitantes”. O livro ajuda a compreender o que significa uma cadeia. Nas palavras de “Seu Lopes”, um dos personagens do livro, “a vida inteira é pouco para conhecer uma cadeia” (p. 251). À época de seu lançamento, Estação Carandiru causou tanta repercussão, que Drauzio Varella foi convidado a palestrar no Senado Federal sobre o sistema penitenciário (naqueles tempos, o Senado tratava das grandes questões nacionais). Como o próprio autor afirma, a sua intenção não foi a de “julgar” os crimes cometidos por aquelas pessoas, tornando-se este o grande mérito do livro. Dráuzio não é um técnico em Direito nem outro profissional acostumado (para não dizer acomodado) com o sistema carcerário nacional. A obra nos obriga a repensar a dimensão dos Direitos Humanos no Brasil.
Estação Carandiru foi editado pela Companhia das Letras (1999) e pode ser encontrado nas livrarias a preço acessível.
Para compreender o massacre: MACHADO, Marcello Lavenere; MARQUES, João Benedito de Azevedo. “História de um Massacre: Casa de Detenção de São Paulo”. São Paulo: Ordem dos Advogados do Brasil: Cortez; Brasília: Ordem dos Advogados do Brasil, 1993.
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