Por que não explodimos o mundo jurídico para sobre seus escombros construir um novo saber?
Durkheim foi um
dos grandes críticos do saber superficial. Talvez tenha sido ele o responsável pelo
fim do saber construído fora da academia. O pensador criticava quem - como
Gabriel Tarde - mantinha-se na superfície, sem construir um saber academicamente
novo. Durkheim acreditava no poder da academia para a edificação do saber, ou
seja, pensava ser o saber construído com o esforço conjunto de muitas
identidades. Tarde seguia uma visão clássica. Sonhava ser possível a uma única pessoa produzir o
saber como que por inspiração (CONSOLIM, M. Émile Durkheim e Gabriel Tarde:
aspectos teóricos... História: Questões & Debates, Curitiba, n. 53, p.
39-65, jul./dez. 2010. Editora UFPR).
Parece que estamos nós do direito
vivendo o sonho tardiano. Nós, professores e alunos, perdemos a batalha há
muito...
Restaurar o ensino jurídico e
acabar com a cultura do aluno bomba... Será que estamos formando terroristas
jurídicos? E, o que é pior, alunos e professores
nem percebem quem serão as próximas vítimas.
É preciso uma crônica sobre o
aluno ou sobre o professor? Talvez não agora. Quem pode dizer-lhes algo? Nem
eles mesmos podem fazê-lo. A modelação do professor e do aluno de direito encerra
um tipo acadêmico que rejeita qualquer individualidade.
Como professor, fico a pensar até que ponto o diabo
participa do processo de construção do aluno. Não considerem nenhuma
maldade nestas palavras. Falo assim por pensar que o professor pode ser o
executor de um plano maligno na construção de um “aluno exemplar”, tarado por
um saber elevado aos olhos fáceis dos outros. E assim o professor vai matando o
gênio dentro de cada um. O bom aluno é a grande vítima do modelo de ensino
atual. É ele quem vai sendo triturado ao longo dos anos.
Portanto, reside aqui a minha preocupação
com um aluno bomba, pronto pra explodir no próximo concurso. A explosão vem a custo de um saber que vem de fora e não produto da sua própria individualidade. O aluno não descobre nada, não
pesquisa absolutamente nada. Os bons são os educados a dar soluções exatas na
ponta da língua. E pronto.
Existe sim uma burocracia do
saber, fazendo dos alunos pratos prontos ...
extraordinariamente vazios, sem significados para o mundo fora da
academia. Não respeitamos a individualidade do saber. O saber não vem em marmitas com respostas prontas para um
emprego burocrático. O saber pronto para testes seletivos tritura a identidade
de novos pesquisadores.
É melhor que o aluno exploda....e
leve consigo todos os professores...
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