"Ao propor como título deste trabalho A nova ordem repressiva, minha intenção foi a de refletir sobre uma forma de controle que vem ganhando espaço e fazendo-se presente em nosso cotidiano e em nossa prática profissional. Entendo por ordem repressiva toda forma discursiva que, apoiada ou não no saber científico, gera regras sociais e normas de conduta que servem para classificar, etiquetar, punir, enfim, para determinar como os sujeitos devem proceder de acordo com um suposto projeto coletivo, ou ainda, com uma natureza humana. Regimes totalitários e fascistas não escondem a imposição de uma ordem repressiva a ser seguida sem questionamentos. Em outros regimes, o discurso repressivo é mais camuflado, e, muitas vezes, utiliza-se do saber científico para validar suas posições. Não raro, como tentarei mostrar, esse saber científico, altamente comprometido, quando não subvencionado por aqueles que detêm o poder, é transformado em instrumento ideólogo para justificar as medidas a serem tomadas.
Estamos de tal forma submersos nas normas que determinam e controlam a nossa inserção social que não percebemos que elas respondem a construções que são apresentadas como verdades imutáveis, porém a verdade é uma invenção interpretativa, cujos conceitos são datados, e que dura até que uma outra verdade venha substituí-la (Foucault, 2000). A necessidade de verdades, disfarçadas em regras de conduta que podem levar a uma forma de controle, parece ter nos acompanhado desde os primórdios da humanidade. Para alguns, elas têm o mesmo estatuto que Freud atribui à ilusão: “Se ela se tornar desacreditada - e, na verdade, a ameaça disso é bastante grande - então o mundo desmoronará. Nada lhe resta (ao indivíduo) a não ser desesperar de tudo, da civilização e do futuro da humanidade” (Freud, 1927/1974, p. 69). Gostaria de começar minha argumentação por uma pequena digressão histórica para esclarecer o que entendo por controle e para melhor compreender essa necessidade, senão fatalidade, inerente ao ser humano."
Para acessar o artigo na íntegra, publicado na Revista "Psicologia: Ciência e Profissão", 2010, vol.30, clique aqui.
* Psicanalista, Professor Adjunto do Departamento de Psicologia da PUC-MG, Pós-Doutorado realizado na Universidade de Paris VII, França.
Um comentário:
Oi, Fábio! Esse texto é muito bom mesmo! Gde abraço (e bom retorno das férias).
Postar um comentário