O dia 14 de março é dia do poema. Neste momento, vem à lembrança a seguinte frase de Adorno:"Depois de Auschwitz escrever um poema é algo bárbaro" (“Nach Auschwitz ein Gedicht zu schreiben ist barbarisch.”).
Refletindo sobre a questão, Erlon José Paschoal (num artigo interessante) aponta os problemas da indústria cultural (Adorno), que, ao criar o tudo-agora-mesmo, acabou por isolar e marginalizar o indivíduo, sem importar a qual classe social ela pertença. Não há mais livros inesquecíveis, mas inesquecíveis enquanto não chega o próximo lançamento. A indústria cultural pôs fim ao sentido da arte. O poema perdeu sentido. A barbárie venceu, segundo Adorno.
Lya Luft lembra num artigo o clamor público que uma baleia encalhada numa praia havia causado em certa cidade, mobilizando muitas pessoas em torno de seu salvamento. Diz a escritora que na mesma época o corpo de uma pessoa havia sido encontrado desfalecido numa calçada, sem ter, no entanto, causado o mesmo espanto.
É mesmo Lya, depois de Auschwitz, o homem tornou-se menos humano.
Salvem as baleias!
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