sábado, 1 de novembro de 2008

Pra que pensar?


 

Há alguns meses estou sem assistir TV sistematicamente, mas me interesso pelo que passa em nossa televisão educativa. Foi assim que fiquei sabendo que Maurício Mattar disse no programa de Hebe que faz xixi sentado... isso é muito importante...

Há alguns dias fui consumido pelo cárcere privado ao qual fora submetida a menina ELOÁ durante dias. Não vou entrar em detalhes, mas o caso remete a ocorrência de "aceitação de pavor paralisante", situação psicológica na qual a vítima passa a colaborar com o criminoso. O caso também permite uma reflexão sobre a impunidade no Judiciário e o papel da polícia. O pai de Eloá era um foragido da polícia havia anos, sendo "suspeito" de ter matado um político e até a própria mulher em Alagoas. Não vou explorar nenhum desses aspectos aqui. Também vou deixar para abordar o xixi de Mattar noutra postagem...

Quero mesmo tratar do pensamento em massa que envolve debates públicos como o que vimos a partir do caso Eloá. U INVERSO DO DIREITO resolve então mostrar que não veio para agradar as massas.


 

Se tiver pensando que estou falando de massa de pastel, está no lugar errado. Sugiro o blog do Olivier Anquier.


 

Bem, voltemos às massas que me interessam no momento.

Tomando a onda de pensamentos que vem do caso Eloá, faço a seguinte pergunta: pra que serve pensar?

O pensamento humano padece de um grave mal: o comportamento de rebanho.

Pois é, U INVERSO abomina o pensar das ovelhas e de todos outros animais que vivem em sociedade.

Dizem que o homem também vive em sociedade... Tenho certas dúvidas ...

O certo é que estamos cada dia mais ciscando terreiros já mexidos por outras galinhas.

O pensamento de bando é muito comum em relação a certos comportamentos. Exemplifico: numa luta de rua, ficamos propensos a torcer por quem estar perdendo, mesmo que ele não tenha razão. É assim que quando vemos uma loja cheia de clientes entramos simplesmente porque a maioria fez esta opção, mesmo quando não estamos tão interessados em compras.

Obrigamos democraticamente milhões de cidadãos a irem às urnas. Isso não é contraditório? Voto obrigatório e eleições livres?

Noutro campo, a ação policial sempre desperta instintos primitivos de sobrevivência social, o que freqüentemente leva-nos a ciscar conjuntamente as mesmas idéias contra a maneira como agiu a policia neste ou naquele caso.

Não quero aqui sair em defesa de qualquer caso específico, mas, penso, quando procuro sair do terreiro das galinhas consigo alimentar-me melhor. Vou dizer de outro modo: seguir o que pensa a maioria parece ser uma opção saudável (fácil) para quem deseja estar com a razão aos olhos da maioria, mas não para quem busca o seu próprio pensar. Não há nenhum mal em pensar como a maioria; o mal mesmo está em não pensar e é disto que estou falando.

Mas para pensar você precisa discordar às vezes; no dia em que você desafiar (pensar), poderá ter mesmo muito mais trabalho para encontrar suas próprias minhocas – é verdade –, mas quando você as encontrar, posso garantir que elas serão bem mais gordas do que aquelas que poderiam ser encontradas se você estivesse em bando.

Este é um blog de quem se esforça para conquistar suas próprias idéias e não entra na fila maior simplesmente porque tem mais pessoas. Não pensar como as galinhas pode até cansar, mas vez por outra consigo minhocas bem gordas...


 

Finalizo então com o brilhante Quintana:


 

"Do que eu ia escrever até me esqueço...

Pra que pensar? Também sou da paisagem."


 

Bem, se você não está concordando com o que digo-lhe, talvez possamos nos entender discutindo o xixi de Mattar.

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