Pensando nos caminhos que temos que evitar para conhecer ou chegar ao "verdadeiro" Direito Penal. Começo assim o semestre me preparando para retornar à sala de aula trazendo um clássico do cinema: Planeta dos Macacos.
Há várias explicações para o Planeta dos Macacos (Planet of
the Apes) de 1968. Cada uma melhor do que outra. A minha talvez seja menos
provável, mas não deixa de interessar aos que amam a pesquisa
científica.
Vamos ao filme:
Cornelius desenvolve pesquisas que o levam à hipótese
científica de que o macaco teria um elo perdido, comum aos humanos, que no
filme são seres inferiores. Mesmo incentivado por Zira a continuar com os estudos, Cornelius
depende da aprovação da academia,
especialmente do Dr. Zeios, macaco que exerce no ministério da ciência a defesa da "doutrina dominante". Religião e ciência se intercalam como um problema para Zeios,
que desaprova as pesquisas do jovem Cornelius por temer a
descoberta da superioridade humana.
Mesmo diante da resistência de Zeios, Cornelius e Zira avançam e arriscam as
carreiras quando num tribunal científico resolvem defender um homem. Diante das
tentativas de mascarar a inferioridade humana, a academia reluta em acreditar na
tese do elo perdido. Cornelius e Zira são dessa forma acusados de heresia
cientifica justamente porque propõe uma explicação que separa a ciência da religião.
Será que Zeios consegue parar o conhecimento?
Existe uma burocracia científica capaz de estabelecer uma política para o saber? É este o ponto de vista que tomo para o filme.
Erich Fromm planta esta questão central ao criticar o papel da burocracia científica no desenvolvimento dos sistemas
de conhecimento humano. Para Fromm, as autoridades do conhecimento determinam
para onde segue o dinheiro das pesquisas e dessa forma influenciam o controle da direção do saber. Para ele, isso ficou evidente no “movimento” psicanalítico, quando a burocracia tentou determinar o que devia
ser chamado “psicanalise”.
Em Planeta dos Macacos, a burocracia
científica tenta impedir o desenvolvimento do conhecimento a respeito dos
homens. Hoje em dia, as autoridades do conhecimento também determinam para onde segue o saber a respeito de muitas coisas. O saber às vezes segue caminhos mais lucrativos! Resta-nos
encontrar a liberdade descobrindo as evidências dessa burocracia e as razões políticas pelas quais estamos pensando de uma certa forma.
Vamos começar a pensar a respeito
da burocracia científica e o que se escreve nos manuais para concursos? Onde
está a ciência? Inventamos o direito penal para concursos?
Para continua a pensar sobre isso,
recomendo a leitura: FROMM, Erich.
"A Descoberta do Inconsciente Social: contribuição ao redirecionamento da
psicanálise". Trad. Lúcia Helena S. Barbosa. São Paulo: Manole, 1992, p.
29.
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