A crítica cinematográfica não viu A Dama de Ferro como estou pensando. Encontrei em Margaret Thatcher uma rica fonte para entender os processos de controle. Para os que estudam o controle, o filme pode trazer muitas explicações. A Primeira Ministra é uma conservadora. Isso já nos dá muitas pistas. Ela, assim como Reagan nos EUA, querem um mundo de oportunidades iguais para todos. E aqui está o problema. Oportunidade igual requer tratamento formalmente igual, tributos iguais e direito penal para os que não são iguais. Ela e Reagan fornecem todo o combustível político para a transformação do direito penal do séc. XXI. Eles dão inicio ao punitivismo político dos anos 90 e em vigor ainda hoje.
Existem diferenças
significativas entre os modelos políticos criminais dos USA e da UK, mas vamos
deixar este assunto para outro momento e quem sabe para outro filme.
Do ponto
de vista da teoria do controle, Thatcher põe fim a previdenciarismo penal e
isso mudou a minha vida, como também a sua. Acredite. O filme não centra esta
questão, mas passa claramente ao lado dela. O governo britânico naqueles anos
encontra desordem e desvio nos planos internos e externos. Este é o drama do
filme. Conflito de todas as ordens e a toda prova. E para o terrorismo e todas
as desordens, o Home Office britânico irá construir uma virada punitivistas nunca
antes vista na história do controle, ainda sob o plano de uma guerra por um
punhado de terra na América do Sul. Controle e prevenção situacional tomarão conta
do projeto político conservador.
The Iron Lady faz jus ao nome especialmente porque o filme traz as bases
políticas que fizeram o previdenciarismo penal ruir. Adoro esse tema. Parece,
mas do ponto de vista político criminal não estamos voltando aos tempos da era
vitoriana; não se enganem, a nova teoria do controle que surge chega como uma
promessa realmente nova, assim como o foi Thatcher para os conservadores.
A Dama de
Ferro mostra claramente as causas políticas que darão uma guinada no controle. Não
mais haverá direitos de presos, diálogo ou política de redução de danos e
tampouco o previdenciarismo. O que quero
é que vejam a sucessão de acontecimentos, criando circunstâncias históricas
para que ocorra uma ruptura no sistema punitivo britânico e também – de certa
forma - mundial. Vejam quais foram as forças sociais e políticas que impulsionarm
tamanha mudança, depois seguida por Bush e Blair e ainda em andamento nos dias
de hoje.
O que estamos
vendo é um país vitimizado que dará uma virada na vitimização. Um grande filme
para quem desejar saber quais foram os ventos que sopraram a nossa vela nesse
caminho retilíneo do conservadorismo.
Para não dizer
que não falei das flores, Meryl Streep merece o Oscar!
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