Elevador privado, 4 vagas na garagens; um lugar para poucos, mas Luíza está no Canadá....
Luíza não estava em Ruanda, o País mais pobre do mundo. Guiné ou Benin também não importaram aos produtores do comercial. O Canadá sim. Por que será?
O comercial acima pode ser muito representativo de um ato falho sugestivo da sociedade excludente.
Perceba que o apresentador, ao final, destaca muito bem a posição geográfica de sua filha. Ela "está no Canadá" e não na Paraíba, onde o comercial fora exibido.
A frase final da publicidade causa estranheza a quem ouve do ponto de vista crítico, tanto que o #LuizaEstánoCandá tem ocupado um espaço nas redes sociais. Acompanhei muitos dessas brincadeiras pelo twitter...
É divertido até certo ponto, mas o #LuizaEstánoCandá pode ser visto de um ponto criminológico muito sério. É isto o que me interessa...
A sociedade excludente se instala como um paradigma pós-moderno inevitável. Já não me basta dizer "com quem andas", mas "onde andas". O espaço determina a função que a pessoa exerce ou deve exercer na sociedade. A "mulher no lar", o "homem no trabalho" já não bastam também... A mulher em férias na Califórnia ou o homem em viagem de negócios na Europa ... E o pária na prisão. Cada qual em seu quadrado.
O paradigma da exclusão, portanto, parte de um pressuposto inconcebível: a super sociedade, a sociedade perfeita, assim como o empreendido imobiliário elegante da sociedade.
Lembro de um empreendido lançado em São Paulo, no qual havia mais espaço na garagem para os carros da família do que para a empregada... O espaço e a exclusão novamente; aqui não em forma de dor, mas como negação, o que pode ser muito mais cruel...
Todos sabemos que é impossível uma super sociedade, perfeita e total, como queria Hitler e a sua "classe média". A classe média, sempre ela...
Mas para a classe média já basta uma "sociedade perceptível", ainda que aqui no Brasil.
O mundo perfeito perceptível é o que queremos e para tanto são necessárias muralhas, divisões. É preciso excluir, como solução final, finalmente.
Os condomínos de luxo se elevam ao lado de favelas; não há crises existenciais nesta divisão de paredes, pois o paradigma excludente nega a individualidade de quem não ocupa "o super espaço".
O oposto ao super espaço? A prisão, mas isso já é história para outra postagem...
Outros publicitários já sacaram a tirada:
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