domingo, 28 de agosto de 2011

Valdemar morreu, Janete? Não, universo, pára com essa conspiração!


Será que é possível fazer um olhar criminológico sobre o quadro humorístico de Valéria e Janete? Como às vezes faço neste blog, resolvi enfrentar uma situação qualquer sob o que dizem os teóricos do desvio.
Vamos então à diversão!
A história começa com  Valdemar (interpretado pelo ator Rodrigo Sant’Ana), que passou a assumir a identidade pessoal de Valéria (@ ponto sem). Quando Janete  encontra Valdemar sob uma “nova roupagem” , não consegue dissociar a  atual figura do amigo da antiga identidade pessoal. Surgem os conflitos e muitos motivos para o público se divertir com o quadro.
Nós do grande grupo social (se é possível dizer isso), somos levados a nos divertir de duas figuras estigmatizadas, Valéria e Janete. O grande grupo adora isso. Valéria encarou uma cirurgia recente e detesta ser confundida com Valdemar. Mas não tem jeito. As brincadeiras seguem um bom ritmo, pouco deixando para a exploração teórica mais complexa.
Trazendo para a questão o pensamento de Erving Goffman sobre estigma, podemos encontrar uma infindável teia de explicações para o quadro, que mostra claramente uma situação de ambivalência vivenciada por Valéria. Ela busca superar uma situação-problema estigmatizante, mas ao mesmo tempo não pode se livrar de seus amigos de identidade. Valéria adquire uma nova identidade social e perante o grande grupo assume-se como mulher, um novo ser, desejado, mas que não consegue se libertar daqueles que conhecem a sua real identidade.
Como acontece nessas situações, Janete não apenas ignora a nova identidade de Valdemar, mas legitima a sua antiga pessoa, revelando os medos trazidos pelos velhos estigmas. Lembram-se do quadro de Haroldo de Chico Anysio? É a mesma coisa.
No difícil jogo de revelar e esconder velhos e novos estigmas, devemos observar que Janete também aparece como uma figura estigmatizada e muito provavelmente explica os motivos pelos quais chega com facilidade ao íntimo da amiga, ajustando uma identidade comum com Valéria.
Para Valéria, a cirurgia representa a liberdade, mas isso não acontece de fato. De um lado, ela se vê unida àqueles poucos que aceitam o seu estigma, mas infelizmente conhecem a sua identidade pessoal real.
A solução para a questão? Recorrer aos astros da criminologia ou  fazer piada.

Para aprofundar o assunto, vale a seguinte leitura:

GOFFMAN, Erving. "Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada". Trad. Márcia Bandeira de Mello Leite Nunes.  Rio de Janeiro: Zahar, 1975

Vamos ao quadro:

Um comentário:

Jhéssica Luara disse...

Adorei, me divirto muito com esse quadro.
O senhor, criativo como sempre. :D

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