Têm-se discutido se os desfiles de carnaval devem continuar com ou sem tapa-sexo. Parece uma boa discussão para mesa de bar, mas também pode prestar-se a uma sociedade que pretende crescer moralmente. Neste ano, não fiquei surpreso com a nudez nos desfiles das escolas de samba. Até achei que tinha tapa-sexo demais na avenida.
Senti pudores mesmo foi com a divulgação dos gastos dos cartões corporativos federais, que deveriam ser usados para despesas extraordinárias ou de urgência. Pois é. O ministro dos esportes foi pego usando o seu cartão para comprar uma tapioca, que custou R$ 8,00. Noutro ministério, gastou-se mais R$ 400,00 com compras de free shop. Depois do escândalo, o governo pretende agora instituir um tapa-sexo sobre as contas públicas. Sob a justificativa de segurança, defende que essas contas não sejam divulgadas à sociedade. De fato, eles têm alguma razão: um Ministro gastar R$ 8,00 com uma tapioca é coisa de segurança pública.
No carnaval, assim como no governo, a imoralidade não está mesmo no tapa-sexo, mas no que se esconde por trás de tudo isso. O carnaval continua sendo patrocinado por dinheiro de origem duvidosa e, nesta história, o sexo da passista é o que deveria menos importar. Neste sentido, foi simbólica a presença da escola de samba Mangueira na festa de casamento do traficante Fernandinho Beira-Mar com a advogada Jacqueline Alcântara de Morais. O presidente da Mangueira chegou a entregar um placa de homenagem aos noivos e a afirmar que a “nação mangueirense” estava feliz com o enlace festejado.
Concluo que em torno da questão do tapa-sexo se mantém recoberto um sério problema para uma sociedade que prefere esconder a sua imoralidade a abrir os olhos para ela. Em qualquer caso, feio é não tornar público o que se deseja ou precisa conhecer.
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