segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Um poema criminológico para Batman - The Dark Knight Rises



Batman pode não passar de mais um enlatado cultural.  Por enquanto não me interessam esses aspectos da indústria de conservantes. Primeiramente me atrai saber o que marca então a visão criminológica para The Dark Knight Rises.
O ponto de equilíbrio da série BATMAN fixa-se na desordem emocional de seus personagens e o que isso reflete sobre as estruturas sociais. O BATMAN surge então às vezes confundido com anti-herói, numa sociedade contaminada desde os ossos pela violência e ódio. Desde os ossos talvez seja pouco para exprimir um sistema em busca de sacríficos e derrame de sangue como explicação (e expiação) para suas dores que remontam ou, melhor dizendo,  desmontam a sociedade em busca de uma desordem original.
Magnífico!? Ainda estou confuso com a linguagem criminológica evidente na história do cavalheiro das trevas, mas já percebi o elogio que se faz a uma visão criminológica romântica ou infantil dos acontecimentos sociais. A visão do criminoso mítico Robbin Hood nos leva aos primeiros escritos críticos da criminologia e igualmente àquelas nossas primeiras experiências sensoriais sobre o bom criminoso.

Vamos sendo apresentados ao  pequeno endiabrado, muito remontado em cima da ideia de monstros e demônios que estão na base da criminologia positivista. São os demônios que nos escravizam e fazem a tônica emocionante do filme. A tortura a que somos levados por esses nossos evidentes inimigos que surgem precisam de um salvador, que purifique os temp(l)os estranhos de Gotham City. Estranhos porque estamos diante de salvadores derrotados e promotores de justiça impuros, mas mesmo assim elevados ambos à condição de heróis. Nada mais real. 
De fato, acredito que The Dark Knight Rises não supera o experimento social de Coringa no filme anterior, mas de certa forma o complementa para a compreensão da maldade e do homem selvagem que vive em e entre nós. A lógica e o temor de uma desordem descomunal parece como adequada a uma sociedade esquizofrênica que somente nos cinemas parece encontrar um final feliz; um final feliz que surge quando todo mundo pensa impossível. E é assim que caímos na realidade e descobrimos que estamos vendo Batman e não um filme de Michael Haneke. 
Vale a pena ir ao Cinema.
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Fábio Ataíde

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