Batman pode não
passar de mais um enlatado cultural. Por
enquanto não me interessam esses aspectos da indústria de conservantes. Primeiramente
me atrai saber o que marca então a visão criminológica para The Dark Knight
Rises.
O ponto de equilíbrio
da série BATMAN fixa-se na desordem emocional de seus personagens e o que isso
reflete sobre as estruturas sociais. O BATMAN surge então às vezes confundido com
anti-herói, numa sociedade contaminada desde os ossos pela violência e ódio. Desde
os ossos talvez seja pouco para exprimir um sistema em busca de sacríficos e
derrame de sangue como explicação (e expiação) para suas dores que remontam ou,
melhor dizendo, desmontam a sociedade em
busca de uma desordem original.
Magnífico!? Ainda
estou confuso com a linguagem criminológica evidente na história do cavalheiro
das trevas, mas já percebi o elogio que se faz a uma visão criminológica romântica
ou infantil dos acontecimentos sociais. A visão do criminoso mítico Robbin Hood
nos leva aos primeiros escritos críticos da criminologia e igualmente àquelas nossas
primeiras experiências sensoriais sobre o bom criminoso.
Vamos sendo apresentados
ao pequeno endiabrado, muito remontado
em cima da ideia de monstros e demônios que estão na base da criminologia
positivista. São os demônios que nos escravizam e fazem a tônica emocionante do
filme. A tortura a que somos levados por esses nossos evidentes inimigos que surgem
precisam de um salvador, que purifique os temp(l)os estranhos de Gotham City. Estranhos
porque estamos diante de salvadores derrotados e promotores de justiça impuros,
mas mesmo assim elevados ambos à condição de heróis. Nada mais real.
De fato,
acredito que The Dark Knight Rises não supera o experimento social de Coringa no
filme anterior, mas de certa forma o complementa para a compreensão da maldade
e do homem selvagem que vive em e entre nós. A lógica e o temor de uma
desordem descomunal parece como adequada a uma sociedade esquizofrênica que somente
nos cinemas parece encontrar um final feliz; um final feliz que surge quando todo
mundo pensa impossível. E é assim que caímos na realidade e descobrimos que estamos
vendo Batman e não um filme de Michael Haneke.
Vale a pena ir ao Cinema.
_______
Fábio Ataíde
Vale a pena ir ao Cinema.
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Fábio Ataíde
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