domingo, 20 de fevereiro de 2011

Lord Vader dando aulas de filosofia penal (?)



Por que Darth Vader tornou-se  um dos mais importantes personagens do cinema? Por que o Lord Vader toma a cena toda vez que aparece em  Star Wars?
Na saga, ele debanda para o lado sombrio da Força, enquanto seus filhos (Luke e Leia) lutam para destruí-lo juntamente com o Império. No último episódio, o  personagem  criado por George Lucas mostra a instabilidade de sua força, dando um final surpreendente para a série, como todos sabem.
Tudo isso tem motivado estudos em várias áreas do conhecimento, especialmente na psicologia. Certamente, também devem existir estudos na área do direito.  Vou trazer aqui algumas observações apenas para mostrar que a filosofia penal também pode contribuir à compreensão de Darth Vader.
Pois bem. Vamos lá.
Uma primeira reflexão sobre Vader seria à luz das guerras que ele embala na triologia final, ao custo da manutenção de um império galáctico.
Em seu livro “A Review of Out of Eden- Adam and Eve and the Problema of Evil”,  Paul Kahn põe em questão uma revisão do conceito de “mal como uma injustiça”, adequando-o à ideia de amor; o mal é o contrário ao amor. Para um conceito assim estabelecido, Kahn explica que tradicionalmente o mal é visto como algo que remete a Caim e Abel. No filme, o mal trata-se mesmo de um pai e sua luta mortal contra o seu filho.
É interessante observar neste contexto, o mal (como contrário ao amor) seria a representação de uma consciência extrapolando os limites mortais do ser humano; o mal seria a negação da mortalidade humana. Inacreditavelmente, é exatamente assim como Darth Vader é retratado.
O mal não é apenas decorrente de qualquer crime; está acima do conceito legal/ilegal. Não seria isso o que propõe o Direito Penal do inimigo? Um direito para o mal? O mal, portanto, vai além dos sistemas penais e seus conceitos de justiça. Hitler é o mal; Vader também; ambos negaram a finitude do homem.
No meu livro, abordei o problema da pena como um bem e um mal, trazendo ao debate a tradição kantiana sobre o assunto. Kahn revisa justamente este conceito.
Vejo que o mal continua sendo um problema para a filosofia penal. O que é o mal? O que é o mal? Já notaram que ninguém precisa perguntar O que é o bem? Só o mal precisa de explicação... É por isso que Darth Vader tornou-se  um dos mais importantes personagens do cinema; é por isso que Ele toma a cena toda vez que aparece em  Star Wars...
Nós somente nos perguntamos quando o mal (ou o crime) acontece? É assim que o Direito Penal relaciona-se com o conceito de mal e estabelece o seu próprio mal a quem lhe nega (Hegel).
Resta saber ainda se o mal de Darth Vader é uma corrupção do bem ou se ele é mesmo um mal autônomo, uma força superior e independente. O filme tenta nos levar a esta última conclusão, mas somente no final da série percebemos que  a primeira opção prevalece. Lindo... Agora, aguardo comentários...
  
PS:
Não vou mais  entrar aqui em outras abordagens e bobagens...


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Fábio Ataíde

Um comentário:

leo disse...

Talvez não nos perguntemos com tanta frequencia oq é o bem porque ele não nos incomoda ao contrário do mal que nos traz uma grande inquietação. Devido a uma mistura de egoismo e preguiça q permeia por todas as pessoas nas mais variadas intensidades.