Jornal Le Monde publica matéria sobe projeto Quantox da PF
O jornal francês Le Monde.fr publicou na tarde desta segunda-feira, 09, matéria sobre o Projeto Quantificativo de Analitos Tóxicos (QuAnTox) desenvolvido pelo Serviço de Perícias em Laboratório e Balística do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal.
O projeto estimou a quantidade de cocaína consumida no Distrito Federal através da monitoração da malha de esgotos.
Veja a matéria do Le Monde na íntegra
Entenda o projeto:
Ciências contra as Drogas
Projeto da Polícia Federal estima a quantidade de cocaína consumida no Distrito Federal através da monitoração da malha de esgotos
Após o uso de cocaína, o organismo humano metaboliza o entorpecente e expele um composto chamado Benzoilecgonina. A presença dessa substância na urina é sinal que existiu o consumo da droga. Assim funcionam os exames antidopings. Agora, através de análises laboratoriais, especialistas conseguem calcular a quantidade de cocaína consumida em uma determinada região através da monitoração da sua malha de esgotos.
O Projeto Quantificativo de Analitos Tóxicos (QuAnTox), desenvolvido pela Polícia Federal em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade de Brasília (UnB) e Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), fez um monitoramento detalhado da rede de esgoto do Distrito Federal, revelando números significativos do consumo local de cocaína. Através de amostras coletadas de seis estações de tratamento, foi possível calcular a quantidade consumida e em quais lugares o uso da substância foi mais assíduo.
De acordo com os resultados da pesquisa, o consumo anual de cocaína em estado puro seria de duas toneladas. Como a droga é traficada com um teor de pureza que raramente ultrapassa os 80%, o número real pode atingir de 2,5 a 2,8 toneladas que chegam ao Distrito Federal. Estudos quem embasaram o QuAnTox estimam que uma dose de cocaína tenha cerca de um 0,1 grama da substância. Assim, é possível estimar um consumo de mais de 20 milhões de doses da droga, o que dá aproximadamente sete doses por habitante anualmente. A maior incidência do uso aconteceu na região de Samambaia. Foram consumidos 2,7 quilos de cocaína por ano para cada mil habitantes.
Durante os dias 16 e 17 de março e 01 e 02 de junho foram feitas coletas nas estações de tratamento de esgoto (ETE) Sul, Norte, Riacho Fundo, Paranoá, Samambaia e Melchior, que tratam aproximadamente 70% de todo o esgoto do Distrito Federal. As amostras foram recolhidas em um período de 24 horas, começando às sete horas de um dia e terminando às sete do dia seguinte.
O perito criminal federal e chefe do Serviço de Perícias em Laboratório e Balística do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, Adriano Maldaner, acredita que o QuAnTox dará inicio a uma nova era ao combate às drogas. O estudo, pioneiro no Brasil, já foi desenvolvido com grande sucesso na Itália, Reino Unido, Suíça, Estados Unidos, entre outros países. “A segurança pública poderá otimizar recursos e pessoal na tarefa. A área de saúde terá em mãos um relatório sobre quais localidades necessitam de atenção especial e a educação poderá realizar campanhas educativas no centro do problema.Ao saber quais regiões consomem mais cocaína, a polícia pode chegar aos locais onde ocorre o tráfico, atuando de forma mais eficiente na ação repressiva”, explicou Adriano.
As análises também permitirão saber se existem laboratórios produzindo cocaína na região. Em situações normais de consumo, podem ser encontrados 45% de Benzoilecgonina e 10% de cocaína nos dejetos. Quando essa relação se inverte, é sinal que grandes quantidades do entorpecente estão chegando à rede de esgoto, o que indica a lavagem de utensílios que possam ter sido usados no preparo da droga.
“Há muita gente usando drogas com frequência aqui em Brasília. Com o QuAnTox, que atua quase como um antidoping em grande escala, também será possível saber em quais dias e em quais horários o consumo de droga é maior. No ano passado foram apreendidos 300 quilos de cocaína no Distrito Federal. Isso é muito ou pouco? Agora vamos responder essa e outras perguntas”, disse o perito criminal federal.
De acordo com estimativas da Polícia Federal, o projeto pode estar totalmente operacional no prazo de um ano. “Após esse período teremos um diagnóstico muito detalhado do consumo de drogas. Os próximos passos serão expandir o projeto para todas as estações de tratamento do Distrito Federal, monitorando também outras drogas, como maconha e ecstasy, além de adquirir os equipamentos e treinar pessoal especializado para realizar as coletas”, finaliza.
Fonte: Agência APCF
Terça-feira, 10 de agosto de 2010
Postado por: Taynara Figueiredo
Data da postagem: 10/8/2010
Numero de visitas: 255
http://apcf.org.br/Ag%C3%AAnciaAPCF/tabid/65/ctl/Details/mid/397/ItemID/745/Default.aspx
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